Cia Deborah Colker apresenta Cão Sem Plumas em Ribeirão Preto

Espetáculo é baseado em poema de João Cabral de Melo Neto e tem direção musical de Jorge Dü Peixe
Tempo de leitura:3 minutos

Por Analídia Ferri
Fotos: Divulgação

O espetáculo de dança “Cão sem plumas”, da Companhia de Dança Deborah Colker, será apresentado em Ribeirão Preto, no dia 12 de junho (terça), às 20h, no Theatro Pedro II. Desta vez, a coreógrafa brasileira Deborah Colker criou um espetáculo com temática explicitamente brasileira, uma vez que foi concebido com base no poema homônimo de João Cabral de Melo Neto.

Publicado em 1950, o poema acompanha o percurso do rio Capibaribe, que corta boa parte do estado de Pernambuco. Mostra a pobreza da população ribeirinha, o descaso das elites, a vida no mangue, de “força invencível e anônima”. A imagem do “cão sem plumas” serve para o rio e para as pessoas que vivem no seu entorno.

“O espetáculo é sobre coisas inconcebíveis, que não deveriam ser permitidas. É contra a ignorância humana. Destruir a natureza, as crianças, o que é cheio de vida”, diz Deborah. A dança se mistura com o cinema. Cenas de um filme realizado por Deborah e pelo pernambucano Cláudio Assis – diretor de longas-metragens como Amarelo Manga, Febre do Rato e Big Jato – são projetadas no fundo do palco e dialogam com os corpos dos 13 bailarinos. As imagens foram registradas em novembro de 2016, quando coreógrafa, cineasta e toda a companhia viajaram durante 24 dias do limite entre sertão e agreste até Recife.

A jornada também foi documentada pelo fotógrafo Cafi, nascido em Pernambuco. Na trilha sonora original estão mais dois pernambucanos: Jorge Dü Peixe, da banda Nação Zumbi e um dos expoentes do movimento mangue beat, e Lirinha (cantor do Cordel do Fogo Encantado, poeta e ator), além do carioca Berna Ceppas, que acompanha Deborah desde o trabalho de estreia, Vulcão (1994). Outros antigos parceiros estão em cenografia e direção de arte (Gringo Cardia) e na iluminação (Jorginho de Carvalho). Os figurinos são de Claudia Kopke. A direção executiva é de João Elias, fundador da companhia.

Os bailarinos se cobrem de lama, alusão às paisagens que o poema descreve, e seus passos evocam os caranguejos. O animal que vive no mangue está nas ideias do geógrafo Josué de Castro (1908-1973), autor de Geografia da fome e Homens e caranguejos, e do cantor e compositor Chico Science (1966-1997), principal nome do mangue beat. O movimento mesclava regional e universal, tradição e tecnologia. Como Deborah faz.

Para construir um bicho-homem, conceito que é base de toda a coreografia, a artista não se baseou apenas em manifestações que são fortes em Pernambuco, como maracatu e coco. Também se valeu de samba, jongo, kuduro e outras danças populares.

Tendo a Petrobras como mantenedora desde 1995, seu grupo se firmou como fenômeno pop em “Velox” (1995), “Rota” (1997) e “Casa” (1999). Os espetáculos “Nó” (2005), “Cruel” (2008), “Tatyana” (2011) e “Belle” (2014) trataram de temas existenciais, como os afetos. Em “Cão sem plumas”, Deborah reúne aspectos de toda a sua carreira.

SERVIÇO

“Cão sem plumas”, Cia Deborah Colker
12 de junho (terça), às 20h

No Theatro Pedro II. Rua Álvares Cabral, 370 – Centro
Não recomendado para menores de 12 anos
Telefone: (16) 3977-8111

Ingressos à venda pela internet (com taxas) e na bilheteria no local. Confira os valores:

 

  • Plateia e frisa: R$ 60 (meia) / R$ 120
  • Balcão nobre: R$ 50 (meia) / R$ 100
  • Balcão simples: R$ 40 (meia) / R$ 80
  • Galeria: R$ 35 (meia) / R$ 70

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